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E o trem de Carajás nos leva nordeste a dentro

Esse nosso desejo pelas experiências nos levou para além de nós mesmos sobre os trilhos de ferro da Vale.

Pouca gente sabe, mas existe um serviço ferroviário oferecido pela Vale que vai do Maranhão ao Pará e do Pará ao Maranhão, o trem de passageiros de Carajás.

Ir de ônibus de Belém para São Luiz custa em média R$ 60,00 por pessoa e leva 12h.

Ir de trem custa aproximadamente o mesmo tanto e leva 24h.

Depois de pesar e medir percebemos que o trem não era vantajoso, mas era muito mais divertido.

O trem para São Luiz parte somente de algumas cidades do interior do Pará. A cidade mais próxima de Belém pela qual o trem passa é a cidade de Marabá que fica a cerca de 550 km. O trem de Carajás presta serviço todos os dias com exceção da quarta-feira. Ele sai do Maranhão para o Pará as segundas, quintas e sábados e volta do Pará para o Maranhão as terças, sextas e domingos. O trem passa somente uma vez no dia, então é preciso atenção e planejamento para não perdê-lo pois, caso isso aconteça, você conseguirá pegar o trem somente dois dias depois...Dado esse fato, desistimos da ideia de conseguirmos uma carona até Marabá e recorremos a empresa privada rodoviária para chegarmos a tempo de pegar o trem.

Da rodoviária de Belém pegamos um ônibus de viagem que custou R$ 20,00 cada (mais a taxa de embarque de R$ 2,00 cada) até Marabá. Os horários são bem restritos e fizemos a bobagem de deixar para comprar em cima da hora. Algumas empresas de transporte oferecem este serviço, mas a que possui mais horários é a empresa Expresso Guanabara.

Na ocasião a empresa estava com uma falha no sistema de comunicação, então eles não conseguiam nem vender passagens, nem imprimir para as pessoas que já haviam comprado... Uma confusão danada. No final, pediram para que conversássemos diretamente com o motorista, foi o que fizemos e conseguimos comprar as duas passagens. Mas, a nossa aventura estava apenas começando...

Até chegar a Marabá o ônibus faz parada em todas as cidades que encontra pelo caminho. O trajeto até o nosso destino levaria cerca de 12h, antes era mais rápido, mas uma ponte se partiu sobre um rio no meio do caminho e agora é necessário que os ônibus atravessem por uma barca, o que demanda mais tempo.

Ao atravessarmos o rio o ônibus fez uma parada na qual entraram muitas pessoas, muito mais do que a quantidade de poltronas. A empresa havia vendido indiscriminadamente várias passagens para a mesma poltrona e todos fomos ficando furiosos com aquela situação.

Ao final, os motoristas nos convenceram que na próxima cidade iriam descer pessoas e que poderíamos sentar. No entanto, a cada cidade que passávamos mais e mais pessoas tinham comprado suas passagens e poucas, ou quase nenhuma, desciam. O resultado é que uma senhora com um filho com necessidades especiais de 9 anos colocou ele no colo para que eu pudesse sentar. Dividimos as duas poltronas em três e o Douglas foi em pé, sentando às vezes no corredor, por cerca de 10h! Nós conseguimos reaver metade do valor que havíamos pago aos motoristas, mas chegamos destruídos em Marabá!

E ao chegarmos descobrimos que a rodoviária da cidade estava a cerca de 20 min (de carro) da estação ferroviária da Vale. Como chegamos na madrugada, o jeito foi pegar um táxi (R$ 20,00 depois de muita negociação) até lá.

Chegamos na estação ainda de madrugada, então nos acomodamos nas escadarias até as 6h30, quando os funcionários começaram a chegar. A valor da passagem de trem varia de acordo com a cidade que se está, quanto mais perto do destino final, mais barato. E também variam conforme a escolha da classe que pode ser a econômica ou executiva (a diferença entre ambas está no ar-condicionado). A estação possui um café para um desjejum, banheiros com chuveiros e televisores.

Nós pagamos R$45,00 por pessoa na classe econômica. O trem tinha chegada prevista para 7h20, mas chegou apenas as 8h15.

O trem tem inúmeros vagões, os da classe econômica tem janelas e duas fileiras de poltronas duplas bastante confortáveis e acima das poltronas um bagageiro. Já os da classe executiva tem janelas, mas todas travadas por conta do ar-condicionado e pintadas por fora, o que não permite que se aprecie a paisagem durante a viagem. Existe um restaurante/lanchonete no interior do trem que possui opções de refeição e lanche (As coisas demoram um pouco para ficarem prontas, mas porque a pressa?rs). Cada vagão possui um serviço de banheiro. Todos os vagões são equipados com televisores que ficam passando filmes variados ininterruptamente.

A viagem inteira levou cerca de 15h. Fizemos 17 paradas.

A cada parada ambulantes vendem comidinhas pela janela (frutas, quentinhas, pamonha, azeite, milho, picolé), além de água gelada.

Algumas dicas muito importantes para quem fizer essa viagem, principalmente na classe econômica: Durante o dia todo o trajeto é muito quente, por isso leve roupas leves e chinelos, além de beber bastante água.

Quando anoitece os vagões são tomados por inseto de toda a espécie, por isso não abra a mão de repelente!

As paisagens são lindas e é muito interessante acompanhar a mudança da floresta amazônica para pré-amazônica! Leve sua câmera e se delicie tirando muitas fotos!

Chegamos em São Luiz as 23h30, e nossa aventura ainda não havia terminado, porque transportes coletivos na região, neste horário são muito difíceis, mas os taxistas estão aos montes esperando passageiros. Dependendo para onde você vá é possível combinar com mais pessoas e dividir o valor total do taxi.

A viagem valeu muito a pena, foi exaustiva, mas muito divertida e uma forma diferente de conhecer nosso interior.

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